Num contexto económico desafiante, é comum muitas famílias pensarem “preciso de dinheiro urgente para hoje” para cobrir dívidas iminentes. As taxas de juro elevadas e os imprevistos financeiros podem levar ao endividamento e à sensação de desespero. Mas é possível conseguir dinheiro urgente para pagar dívidas de forma legal e segura, desde que se conheçam as alternativas corretas e se evitem medidas arriscadas.
Neste guia explicativo, elaborado por um especialista certificado (Essencial Advice, registado no Banco de Portugal), abordamos apenas soluções regulamentadas e seguras para obter alívio financeiro imediato, sem recorrer a agiotas ou entidades não supervisionadas. Iremos explorar passo a passo como avaliar a sua situação (incluindo consultar o Mapa de Responsabilidades de Crédito), negociar com os credores através de mecanismos como o PARI e o PERSI, utilizar opções de crédito urgente de forma responsável, consolidar créditos ou transferir o crédito habitação para reduzir prestações, e recorrer a apoios oficiais como a RACE.
No final, apresentamos uma checklist prática com medidas a tomar já nos próximos dois dias e esclarecemos as dúvidas mais frequentes.
Aviso: Este artigo tem um propósito educativo e não promove soluções milagrosas. Evitamos sugestões perigosas (como empréstimos informais entre particulares ou entidades não reguladas) e reforçamos a importância de usar apenas instituições autorizadas. De acordo com o Banco de Portugal, recorrer a entidades não certificadas pode levar a condições desonestas ou até ilegais, pelo que é essencial confiar apenas em instituições e intermediários de crédito supervisionados.
Agora, vamos por partes, começando pelo diagnóstico da sua situação financeira e seguindo pelas soluções disponíveis.
Veja também: Crédito Malparado em Portugal: Significado, Impacto e Como Resolver
Por onde começar se precisa de dinheiro urgente para pagar dívidas?
Quando enfrenta dívidas urgentes, a primeira reação pode ser procurar imediatamente um novo empréstimo. Contudo, antes de contrair mais crédito, é fundamental avaliar a fundo a sua situação financeira atual.
Siga estes passos iniciais:
Faça o levantamento de todas as dívidas
Reúna informação sobre os seus créditos (pessoais, habitação, automóvel, cartões de crédito, etc.), saldos devedores, taxas de juro e prestações mensais. Anote também há quanto tempo está em incumprimento (se for o caso) e quais os credores envolvidos.
Consulte o seu Mapa de Responsabilidades de Crédito
Este documento, disponibilizado pelo Banco de Portugal, lista todos os créditos que tem (>50€) nas várias instituições, indicando montantes em dívida e eventuais situações de incumprimento.
Pode obtê-lo online no site do Banco de Portugal (acessando com as credenciais do Portal das Finanças) ou num balcão do banco central. Conhecer este mapa é crucial para ter noção exata de quanto e a quem deve, evitando esquecimentos de dívidas.
Além disso, os credores também consultam este mapa ao analisar pedidos de crédito, pelo que eventuais atrasos já estarão lá refletidos.
Defina prioridades e prazos
Nem todas as dívidas têm a mesma urgência. Identifique quais as prestações mais atrasadas ou com consequências mais gravosas.
Por exemplo, a prestação da casa deve ser priorizada – o incumprimento do crédito habitação pode levar à perda do imóvel (hipoteca executada), sendo uma das situações mais graves a evitar a todo o custo. Dívidas de serviços essenciais ou com fiador também merecem atenção especial.
Revise o orçamento familiar
Veja onde pode cortar gastos temporariamente para canalizar mais dinheiro para as dívidas. Em paralelo, procure fontes de rendimento extra (venda de artigos usados, trabalhos pontuais, etc.) que ajudem a criar liquidez imediata. Cada euro adicional ou poupado faz diferença numa altura crítica.
Ao ter este diagnóstico feito, estará preparado para tomar decisões informadas em vez de agir por impulso.
A seguir, abordamos as soluções concretas – começando pelas negociações com os próprios credores, que muitas vezes podem trazer alívio sem precisar recorrer a novo financiamento.
Negociar com o banco: mecanismos PARI e PERSI para quem tem dívidas
Se prevê que não vai conseguir pagar uma ou mais prestações em breve (por exemplo, devido a desemprego, doença, ou outra quebra de rendimento), contate de imediato o seu banco. Não espere pela situação agravar-se – os bancos possuem planos de ação para risco de incumprimento (PARI) exatamente para estes casos.
O PARI – Plano de Ação para o Risco de Incumprimento – é um mecanismo de prevenção: assim que o banco deteta indícios de que a capacidade financeira do cliente piorou ou que este sinaliza dificuldades futuras, deve avaliá-lo e propor soluções para evitar o incumprimento.
Essas soluções podem incluir, por exemplo, renegociar o contrato (reduzir a taxa de juro temporariamente, alargar o prazo de pagamento, conceder um período de carência de capital/juros) ou mesmo consolidar créditos numa única parcela, se aplicável.
Importa referir que todas as instituições de crédito são obrigadas por lei a ter um PARI e a segui-lo – não é um favor, é um dever. Por isso, não tenha receio ou vergonha de expor a sua situação; quanto mais cedo o fizer, mais fácil será encontrar uma solução.
Por outro lado, se já entrou em incumprimento efetivo (isto é, já tem prestações em atraso superiores a 30 dias, por exemplo), então o banco deve ativar um PERSI – Procedimento Extrajudicial de Regularização de Situações de Incumprimento.
O PERSI é acionado quando o cliente já não pagou e as dívidas estão vencidas, tendo o objetivo de facilitar um acordo entre banco e devedor sem recorrer a tribunal.
Algumas regras importantes do PERSI:
- Entrada no PERSI: O banco é obrigado a integrar o cliente até 60 dias após a falta de pagamento, ou imediatamente se o cliente o solicitar logo que falhe uma prestação. Receberá uma notificação por escrito sobre esta integração.
- Avaliação financeira: Ser-lhe-á pedido que forneça informações atualizadas sobre rendimentos, despesas e património (prazo de 10 dias para responder). Com base nisso, o banco avaliará a sua capacidade financeira real.
- Propostas de regularização: Se houver viabilidade, o banco tem 30 dias para lhe apresentar uma ou mais propostas para regularizar a dívida. As propostas podem envolver medidas semelhantes às do PARI (alongar prazos, carência, diferir parte do capital, reduzir temporariamente juros) ou mesmo consolidar vários créditos num só, ou refinanciar a dívida noutro contrato. Você poderá sugerir alterações ou alternativas, embora o banco não seja obrigado a aceitá-las.
- Condições justas: Importa destacar que, por lei, o banco não pode agravar a taxa de juro nem cobrar comissões pela renegociação ou consolidação decorrente do PARI/PERSI. Ou seja, não podem “punir” o cliente encarecendo o crédito; terceiros custos (notários, registos) podem ser cobrados se se aplicarem, mas nada além disso.
- Acompanhamento e cumprimento: Uma vez estabelecido um plano pelo PARI/PERSI, cumpra-o rigorosamente. O banco irá acompanhar se a solução está a resultar e pode ajustá-la se necessário. O PERSI extingue-se caso se chegue a acordo, caso pague tudo em dívida, ou após 90 dias sem acordo (salvo prorrogação por ambas as partes). Se não houver acordo e o PERSI terminar, o banco poderá então avançar para vias judiciais (execução da dívida).
Dica: Mantenha sempre uma comunicação aberta com o seu banco. Mostre vontade de pagar e colaborar. Bancos preferem renegociar do que enfrentar processos morosos de cobrança judicial. Ao renegociar, pergunte pelo PARI/PERSI – isso demonstra conhecimento dos seus direitos.
E lembre-se: renegociar geralmente prolonga a dívida e pode aumentar o total de juros pagos, mas é preferível a incumprir. A prioridade é ganhar fôlego agora e evitar consequências como penhoras de vencimento ou venda de bens.

Rede de Apoio ao Cliente Bancário (RACE) e aconselhamento financeiro
Se se sentir perdido nas negociações com os credores, ou precisar de orientação independente, saiba que pode recorrer gratuitamente à Rede de Apoio ao Cliente Bancário (RACE). Esta rede extrajudicial, criada em colaboração com o Banco de Portugal, reúne entidades (como centros de arbitragem de conflitos de consumo, DECO, entre outras associações) que ajudam consumidores endividados.
A missão da RACE é: informar os clientes sobre os seus direitos e deveres, apoiar na análise das propostas apresentadas pelos bancos (no âmbito do PARI/PERSI), acompanhar as negociações entre o cliente e a instituição de crédito, e ajudar a avaliar a capacidade de endividamento do cliente. Tudo isto sem custos para o consumidor.
Para utilizar a RACE, pode consultar no Portal do Cliente Bancário do Banco de Portugal a lista de entidades RACE por distrito. Por exemplo, a DECO (Defesa do Consumidor) faz parte da rede e presta aconselhamento financeiro.
Estas entidades irão marcar consigo sessões para perceber a sua situação, ajudá-lo a organizar o orçamento, negociar com os bancos ao seu lado e encontrar a melhor solução legal para sair do sobre-endividamento. É um apoio precioso quando não sabe por onde começar ou sente que sozinho não consegue chegar a acordo com o banco.
Outra forma de apoio é através de um intermediário de crédito autorizado (como a Essencial Advice, que gere o site reduzirprestacoes.pt). Estes profissionais analisam a sua situação e podem propor soluções como a consolidação de créditos (que veremos adiante) ou obter novas condições junto de bancos parceiros.
Contudo, atenção: verifique sempre se o intermediário está registado no Banco de Portugal, para garantir que é idóneo. Essa informação é pública no site do regulador.
Em suma, não enfrente o problema sozinho. Há programas e instituições preparados para ajudar quem tem dívidas e quer pagá-las, mas temporariamente não consegue. Aproveite esses recursos e não recorra a soluções fáceis mas perigosas (como publicidades de “crédito privado urgente sem perguntas”) – essas normalmente escondem armadilhas.
Como conseguir dinheiro urgente de forma legal e segura
Depois de tomadas as medidas de negociação e reestruturação acima, pode ainda faltar dinheiro para liquidar dívidas imediatas. Nesses casos, pode considerar obter crédito adicional de forma regulada, com cautela.
Aqui estão duas modalidades de crédito urgente que podem ser utilizadas legalmente para pagar dívidas, desde que tenha capacidade de reembolso:
Empréstimo pessoal urgente (crédito pessoal rápido)
O crédito pessoal rápido é uma modalidade de empréstimo ao consumo que se destaca pela rapidez de aprovação e desembolso. Hoje em dia, muitos bancos e financeiras oferecem processos 100% online, com aprovação em 24 a 48 horas e transferência do montante logo de seguida.
Esta pode ser uma solução se não estiver em incumprimento e tiver condições para assumir uma nova prestação. As vantagens incluem a agilidade e o facto de não exigir justificação de finalidade (pode usar o dinheiro para o que precisar).
No entanto, tenha muita ponderação: ao pedir um empréstimo para pagar outros, estará a assumir uma dívida adicional.
Só avance se tiver a certeza de que a nova prestação cabe no seu orçamento e se a taxa de juro for mais baixa do que aquelas das dívidas atuais (por exemplo, pode compensar trocar várias dívidas de cartões de crédito – geralmente com juros altíssimos – por um empréstimo pessoal com juro menor).
Use simuladores online para comparar propostas e escolha uma instituição credível e supervisionada. Segundo as recomendações dos especialistas, deve evitar ao máximo contrair novo crédito se já estiver com elevada taxa de esforço ou com pagamentos em atraso – nesse caso, foque-se em renegociar ou consolidar, em vez de somar empréstimos.
Exemplo prático: Imagine que tem duas dívidas de cartão de crédito e um crédito automóvel, e consegue um empréstimo pessoal aprovado rapidamente para quitar essas dívidas de imediato.
Ao fazê-lo, ficará apenas com a prestação do empréstimo novo, possivelmente com prazo maior mas valor mensal menor. Isso pode simplificar a gestão financeira.
Por outro lado, se já tiver o nome na Central de Responsabilidades de Crédito como incumpridor, dificilmente um banco aprovará novo crédito – portanto esta opção serve principalmente para quem ainda está regular, mas antevê dificuldades.
Crédito através de cartão de crédito ou linha de crédito
Outra forma de obter dinheiro urgente é usar disponibilidades existentes em cartões de crédito ou linhas de crédito rotativas que já tenha contratadas. Por exemplo, pode usar o plafond do cartão de crédito para pagar uma despesa urgente ou mesmo saldar uma dívida pequena imediatamente.
A aprovação aqui é instantânea, pois já tem o limite aprovado – basta utilizá-lo. Em casos de extrema urgência (e se não conseguir outro empréstimo a tempo), esta pode ser uma saída.
Contudo, muito cuidado: os cartões de crédito cobram taxas de juro elevadas (TAEG frequentemente acima de 15% ou 20% ao ano). Servem para necessidades de curtíssimo prazo e montantes pequenos, sendo imperativo pagar o mais rápido possível. Nunca encare o cartão como solução de longo prazo para dívidas, ou estará a trocar uma dívida por outra ainda mais cara.
Se usar esta via, tente negociar com o banco emissor do cartão depois, para parcelar o saldo em condições melhores, ou procure integrá-lo numa consolidação de créditos. Novamente, só recorra a cartões ou crédito rotativo de forma pontual e consciente, para tapar um buraco imediato, e evite-o se já estiver com pagamentos atrasados (pois corre o risco de entrar numa espiral de juros sobre juros).
Veja também: Mensalidades em atraso: consequências, direitos e soluções (Portugal)
Consolidar créditos: junte as dívidas numa só prestação
Uma das soluções mais eficazes para aliviar prestações mensais e conseguir fôlego financeiro é o crédito consolidado. Esta operação financeira consiste em unificar vários empréstimos num só, contraindo um novo crédito para pagar os anteriores e ficando apenas com uma prestação mensal mais baixa.
O principal objetivo da consolidação é precisamente reduzir o encargo mensal total, muitas vezes estendendo o prazo de pagamento ou obtendo uma taxa de juro média mais favorável. Dependendo do caso, a redução da prestação pode chegar a 60% ou 70%, o que pode fazer toda a diferença num orçamento apertado.
Como funciona na prática?
Suponha que soma 3 créditos diferentes (por exemplo, dois pessoais e um do carro) e paga no total 600€ por mês. Ao consolidar, a nova instituição credora liquida esses créditos por si e passa a ter um único contrato consigo.
Como o prazo geralmente é alargado e a taxa pode ser otimizada, a nova prestação pode descer, digamos, para 350€ por mês. Imediatamente, libertou 250€ mensais de folga. Esse dinheiro poupado pode ser canalizado para pagar dívidas atrasadas ou reforçar o fundo de emergência, evitando recorrer a soluções desesperadas.
Vantagens da consolidação
Além da prestação menor, há a comodidade de lidar com um só credor e uma só data de pagamento, em vez de múltiplas. Reduz-se também o número de comissões associadas (passa a pagar apenas uma comissão mensal, em vez de várias de cada contrato).
E como referido, o banco não pode agravar a taxa de juro no processo de consolidação relativo a prevenção de incumprimento – pelo contrário, muitas vezes negocia-se uma TAEG mais baixa no novo crédito único.
Cuidados a ter
Nem todos os casos são elegíveis para consolidação. Se uma parte significativa das suas dívidas já está em incumprimento, pode ser difícil um banco aprovar crédito consolidado – embora existam intermediários de crédito que tentam encontrar soluções mesmo para clientes nessa situação (por vezes exigindo garantia como uma hipoteca).
Além disso, se incluir crédito habitação na consolidação, normalmente isso implica uma hipoteca sobre a casa e uma avaliação do imóvel; o montante total consolidado não deve ultrapassar cerca de 80% do valor da casa, caso contrário não será viável.
Por fim, lembre-se de que alongar o prazo reduz a prestação mas aumenta os juros totais pagos ao longo dos anos – convém avaliar o custo-benefício. Ainda assim, quando o objetivo é aliviar uma situação insustentável no presente, a consolidação pode ser a tábua de salvação, permitindo evitar incumprimentos e recuperar o controlo financeiro a médio prazo.
Nota: Procure simular diferentes cenários antes de consolidar. Compare propostas de várias instituições ou use a ajuda de intermediários de crédito (novamente, certificados). Leia bem as condições do novo contrato (TAEG, prazo, custos) e confirme que todas as dívidas antigas serão liquidadas com o montante do novo empréstimo.
Depois de consolidar, não volte a utilizar os cartões de crédito ou novos empréstimos – discipline-se financeiramente para que a consolidação cumpra o objetivo de ser uma solução única e não o início de mais dívida.
Transferir o crédito habitação para outra entidade
Se o problema maior é a prestação elevada do seu crédito habitação, uma solução legal e bastante utilizada é a transferência do crédito habitação para outro banco que ofereça melhores condições.
Com a subida das Euribor nos últimos tempos, muitas famílias viram a prestação da casa disparar e procuram alívio. Transferir o empréstimo para outro banco (também chamado de reestruturação externa) pode resultar numa taxa de juro mais baixa (por exemplo, um spread inferior) ou em outros benefícios (como seguros mais baratos), traduzindo-se em poupanças significativas todos os meses – em alguns casos, são centenas de euros mensais de diferença.
Como funciona
Basicamente, um novo banco “resgata” o seu empréstimo atual – paga ao banco antigo o saldo em dívida, e você passa a dever esse montante ao novo banco, com um novo contrato de crédito habitação.
Atualmente, a maioria dos bancos está interessada em captar clientes de habitação e oferece campanhas onde assume os custos da transferência (comissão de reembolso, despesas de escritura, etc.), tornando a mudança praticamente gratuita para o cliente.
Além disso, até ao final de 2025, está em vigor em Portugal uma lei que isenta os clientes da comissão de reembolso antecipado nos créditos habitação de taxa variável – ou seja, mudar de banco ficou mais fácil e barato.
Para decidir se vale a pena transferir, deve comparar a sua condição atual (spread, taxa fixa/variável, anos em falta, seguros e produtos associados) com as propostas de outros bancos. Se outro banco oferecer um spread significativamente menor ou condições que baixem a TAEG, a poupança ao longo do tempo pode ser enorme.
Por exemplo, se contratou o crédito há anos com spread 1,5% e agora consegue 0,8% noutro banco, isso representa muitos euros a menos por mês. Use simuladores ou peça propostas formais.
Atenção apenas a um ponto: para conseguir transferir, geralmente a dívida atual não pode exceder 90% do valor do imóvel (LTV – loan-to-value), pois os bancos só financiam até certo limite do valor de avaliação da casa. Se nos últimos anos amortizou parte do empréstimo ou a casa valorizou, isso joga a seu favor.
Dica: Negocie também com o seu banco atual antes de decidir sair – se disser que tem uma proposta melhor, o seu banco pode cobrir a oferta (reduzir spread, por exemplo) para o manter como cliente. Caso nada melhore, avance para a transferência. Assim que estiver no novo banco com prestação menor, mantenha o valor poupado para reforçar pagamentos ou criar fundo de emergência, em vez de o gastar automaticamente – dessa forma, aproveita duplamente a operação.
Cuidados a ter e soluções a evitar
Em momentos de desespero financeiro, é crucial manter a calma e não ceder a tentações arriscadas. Aqui ficam alguns alertas do que não deve fazer ao procurar dinheiro urgente para pagar dívidas:
- Evite empréstimos de fontes não reguladas: Anúncios de “crédito imediato sem burocracia”, “dinheiro emprestado por particulares” ou “empresas de consultoria financeira” que não constam do registro do Banco de Portugal são extremamente perigosos. Tais acordos podem envolver juros usurários, cláusulas abusivas ou mesmo esquemas fraudulentos. Você fica completamente desprotegido legalmente. Prefira sempre instituições autorizadas, onde há supervisão. Lembre-se: se ninguém lhe empresta dinheiro porque a sua situação é arriscada, um agiota que o faz cobrará um preço altíssimo – não caia nessa.
- Não venda bens essenciais ao desbarato sem avaliar alternativas: Muitas pessoas, em pânico, vendem carro, joias ou outros bens a preços muito abaixo do mercado para conseguir dinheiro rápido. Em alguns casos, pode ser necessário desfazer-se de algo para pagar dívidas (por exemplo, vender um segundo carro, ou uma propriedade extra). Mas evite “liquidações” precipitadas. Veja se consolidar o crédito ou renegociar não alivia a situação sem perder património. Se for inevitável vender, tente obter uma avaliação justa e não o faça sob pressão máxima.
- Cuidado com as penhoras de ordenado simuladas: Circulam “dicas” perigosas na internet sugerindo que contrair novas dívidas e deixar de pagar faria os credores alinharem um plano suave de penhora (por via judicial) de um pequeno percentual do salário, assim pagando as dívidas “com desconto”. Isso é um mito com consequências devastadoras – além de poder perder bens e ficar com o nome arruinado por anos, os juros e custas judiciais farão a dívida crescer imenso. Nunca deixe de pagar deliberadamente achando que sai beneficiado.
- Não ignore suporte psicológico e educacional: O stress das dívidas pode afetar a saúde mental. Procurar apoio psicológico (existem linhas e associações que ajudam endividados) ou educação financeira (workshops, conteúdos da DECO, podcasts sobre finanças pessoais) é importante. Uma mudança de hábitos e mindset muitas vezes faz a diferença para não repetir os mesmos erros. A terapia financeira também pode ser útil – consultores que ajudam a reorganizar a vida financeira e estabelecer planos realistas.
Resumindo, fique sempre do lado da legalidade e da transparência. Use as ferramentas que o sistema financeiro disponibiliza (mesmo que burocráticas) em vez de atalhos duvidosos. Assim, protegerá o seu futuro e o da sua família.

Checklist: o que fazer nos próximos 2 dias
Se a situação é crítica e precisa de ação imediata, aqui vai uma checklist de passos a seguir nas próximas 48 horas para começar a resolver o problema de dinheiro urgente para pagar dívidas:
- Reunir documentos e calcular dívidas: Separe hoje mesmo todos os documentos de créditos, extratos bancários e contas em atraso. Faça uma lista das dívidas com valores e datas. Se ainda não o fez, emitir o Mapa de Responsabilidades de Crédito no site do Banco de Portugal (demora poucos minutos).
- Contactar os credores principais: Amanhã de manhã, ligue ou envie email para os credores das dívidas mais urgentes. Explique sinteticamente a situação e agende uma reunião ou solicite reestruturação. Pergunte sobre a possibilidade de ativar o PARI/PERSI no banco – isso mostra boa fé da sua parte. Tome nota das respostas.
- Consultar uma entidade de apoio: Ainda nas próximas 48h, contacte a RACE ou uma associação de defesa do consumidor (como a DECO) no seu distrito e marque uma sessão de aconselhamento. Leve a lista de dívidas e rendimentos – quanto antes obtiver orientação profissional, melhor. Em alternativa (ou cumulativamente), fale com um intermediário de crédito registado para avaliar a consolidação de créditos.
- Evitar novos gastos e criar liquidez imediata: Durante estes dois dias, congele despesas supérfluas (ex.: cancelamento temporário de subscrições não essenciais) e veja se consegue gerar algum dinheiro rápido de forma legal – por exemplo, vendendo um objeto de valor que não lhe faça falta já (telemóvel antigo, eletrodoméstico parado). Use esse dinheiro exclusivamente para amortizar alguma dívida pequena (para a eliminar do rol) ou para constituir uma reserva para emergências muito imediatas (alimentação, saúde).
- Manter comunicação com a família: Se a dívida afeta o agregado familiar, reúna os envolvidos e explique o plano de ação. Peça colaboração de todos para economizar e, se possível, para pensar em formas de aumentar a renda. O apoio emocional e prático da família é importante nestes primeiros dias de viragem.
Cumprindo esta checklist inicial, terá dado os passos certos numa direção positiva – de fugir da paralisia do pânico para assumir o controlo da situação. Lembre-se de que resolver um sobre-endividamento é um processo, mas cada ação conta para sair do vermelho.
Perguntas Frequentes
Para obter dinheiro urgente de forma segura, deve recorrer apenas a soluções reguladas.
As principais opções incluem: renegociar os termos dos seus créditos com o banco (usando PARI/PERSI), pedir um empréstimo pessoal urgente junto de uma instituição financeira legítima (se tiver capacidade de pagar), ou consolidar os créditos num novo empréstimo de menor prestação.
Em todos os casos, fuja de ofertas de empréstimo fácil por fora do sistema bancário. Além disso, veja se pode conseguir algum adiamento de pagamento com os credores ou mesmo apoio de familiares, em vez de contratar dívidas perigosas.
O mais importante é não aceitar dinheiro de fontes não supervisionadas, pois os riscos de juros abusivos e fraude são muito altos.
É um documento oficial, emitido pelo Banco de Portugal, que lista todas as responsabilidades de crédito de um particular (ou empresa) junto do sistema financeiro.
Nele constam todos os empréstimos, cartões de crédito, contas caucionadas, etc., acima de 50 €, bem como eventuais incumprimentos. Serve para os bancos avaliarem o seu risco de crédito e para o próprio devedor ter noção do seu endividamento total.
Para obter o mapa, aceda ao site do Banco de Portugal (Área de Particulares > Central de Responsabilidades de Crédito) e siga as instruções – precisará de se autenticar via NIF e senha do Portal das Finanças ou Cartão de Cidadão. Em segundos, poderá visualizar e guardar o mapa em PDF. Alternativamente, pode solicitá-lo presencialmente num balcão do Banco de Portugal.
A emissão é gratuita. Consulte este mapa regularmente, especialmente se estiver a pedir crédito ou a renegociar dívida, para verificar se a informação está correta e atualizada.
São mecanismos de proteção ao cliente bancário com dificuldades financeiras, previstos na legislação portuguesa (Decreto-Lei nº 227/2012). O PARI (Plano de Ação para o Risco de Incumprimento) é acionado antes de haver incumprimento, quando se detetam indícios de que o cliente pode vir a falhar pagamentos (por exemplo, perda de emprego, divórcio, doença).
O banco contacta o cliente, avalia a sua capacidade financeira e propõe medidas para evitar o incumprimento – como alongar prazos, reduzir temporariamente juros ou consolidar créditos. Já o PERSI (Procedimento Extrajudicial de Regularização de Situações de Incumprimento) ocorre depois de o cliente faltar ao pagamento (ou exatamente no momento em que falha, se o cliente pedir ajuda).
Neste caso, o banco integra o cliente nesse procedimento e, num prazo definido, apresenta propostas para regularizar a dívida em atraso (através de renegociação, planos de pagamento, etc.), tentando chegar a acordo extrajudicial.
Ambos visam evitar ações judiciais e resolver o problema de forma mutuamente aceitável. Importante: durante o PERSI, o banco não pode, por lei, agravar as condições do crédito nem cancelar o contrato por causa do incumprimento, enquanto decorrem as negociações.
A RACE é uma rede extrajudicial de apoio lançada em parceria com o Banco de Portugal, que agrega diversas entidades (por exemplo, centros de arbitragem de consumo, associações de defesa do consumidor como a DECO, entre outras) com o objetivo de auxiliar clientes bancários endividados ou em risco de incumprimento.
Ao recorrer à RACE, terá acesso a coaching financeiro e jurídico: os técnicos ajudam-no a analisar as propostas do banco no âmbito do PARI/PERSI, esclarecem os seus direitos e deveres, acompanham as reuniões com os bancos se necessário e apoiam na avaliação da sua capacidade de endividamento.
Tudo isto de forma gratuita. Para obter ajuda da RACE, basta consultar a lista de entidades participantes no Portal do Cliente Bancário (do Banco de Portugal) e depois contactar a entidade mais próxima da sua área de residência. Marcarão consigo uma sessão para avaliar o seu caso concreto.
Este apoio pode fazer toda a diferença para quem se sente perdido ou intimidado a negociar sozinho com os bancos – terá especialistas do seu lado, orientando-o nas melhores práticas para renegociar e sair das dívidas de forma responsável.
Em geral, pedir um novo crédito para pagar dívidas antigas só vale a pena em situações muito específicas. O caso mais recomendado é através da consolidação de créditos, em que um novo empréstimo maior liquida os menores e oferece condições melhores (menor prestação global).
Fora isso, contrair um empréstimo pessoal apenas para pagar outro costuma ser arriscado – você estará a adiar o problema e possivelmente a aumentar o montante total devido (devido a juros e custos do novo empréstimo).
Se a taxa de juro do novo crédito for substancialmente mais baixa e se conseguir reduzir significativamente a sua prestação mensal, pode ser benéfico.
Caso contrário, estará apenas a trocar seis por meia dúzia ou pior, a aumentar o peso da dívida. Além disso, se já estiver em incumprimento, dificilmente conseguirá um novo crédito com boas condições.
Em resumo: evite a todo custo criar dívida para pagar dívida, exceto se for numa estratégia planejada de consolidação ou renegociação que comprove trazer vantagem clara. Busque primeiro renegociar, cortar despesas e usar mecanismos como PARI/PERSI. O crédito urgente deve ser último recurso e, se usado, com muita moderação e um plano de pagamento bem definido para não cair em nova bola de neve de dívidas.
Não se esqueça, a Credisolutions está aqui para ajudar! Somos Intermediários de Crédito de confiança, registada no Banco de Portugal com o nº0001429. Peça uma simulação para reduzir as prestações dos seus créditos e dê o primeiro passo para uma vida financeira mais tranquila.
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